Frio e fome

No canto que ele mesmo fez, sem canto,

Pranto sem teto de luz emprestada,

Deitado no chão, vida sem encanto,

Coração em ferida; veste de nada.

Foi tudo arrancado; goteja o imo,

Lateja a alma, riso mudo, travado,

Sem calma no liso, broto do limo,

Roto jeito, corpo desfacelado.

Tristeza; lagrima é companhia,

Sem poesia a nobreza do céu,

Noite e dia, sem firmeza ao léu.

E tem como futuro a manhã fria,

Muro, um cobertor, podridão consome,

Falta pão e amor sobra frio e fome.

Uberlândia MG

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Raquel Ordones
Enviado por Raquel Ordones em 25/06/2016
Código do texto: T5678571
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