ESTA VIDA LOUCA DE POETA

Cinza noite, que me rasga as entranhas,

Tais os meus medos e dores tamanhas,

Porque não me deixas em fértil descanso,

Quando meu desejo é o teu remanso?

Ah!, este medo insano, de enlouquecer!

E em vida sofrida, soçobrar e padecer.

Esta vida de poeta inda há-de arruinar-me,

E às cousas deste mundo subjugar-me.

Que me serve cantar as flores e o rico mar,

Ser das gentes a voz e seu aprendizado,

Se minha saúde de outrora me atraiçoar?

Oh, quem dera aqui, o nada por descobrir,

Ser o que vai no mundo sem ser julgado,

E assim, quando não, poder enfim dormir.

Jorge Humberto

09/07/07

Jorge Humberto
Enviado por Jorge Humberto em 10/07/2007
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