DE AMOR

Sua forma de amar me desencanta,

pois é típica, estável, sem excesso,

com a mesma constância de uma planta

ou aquelas instâncias de processo...

Você ama com zelo e teme o preço;

não avança, decola ou agiganta;

tem a voz tão contrita quanto gesso

e seus olhos parecem usar manta...

Busco incêndios; desníveis; descompassos;

tenho a fome selvagem dos devassos;

venha toda, não quero seu consolo...

Se me jogo e despenco neste abismo,

caio sempre nas malhas do mesmismo;

sua fôrma de amar não faz meu bolo...

Demétrio Sena
Enviado por Demétrio Sena em 27/03/2016
Código do texto: T5586764
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