Sonetos

Poesia invejosa

Pedro Aldair

A poesia invejou-lhe a leveza.

E por inveja, tentou voar.

A poesia insistiu, quis sua beleza.

E por teimosia, quis encantar.

À poesia, não faltavam versos;

À poesia, não cabiam mais rimas.

Tentava em terças e primas

Tinha os sons mais diversos,

Mas a poesia que voava,

que leveza podia ter

se não tinha o sorriso dela.

Tampouco a encantada poesia,

que encanto podia ter

se não brincava como a bela.

Se voas, passas.

Pedro Aldair

Se tens de passar,

Não seja o passarinho,

passa devagar, devagar

deixa com cuidado o ninho.

Seja então mais leve

que o beija-flor,

menos breve, porém deve.

Assim, pousará o amor.

Se tens de voar,

voa como as gaivotas,

espera a brisa soprar.

Se tens de passar,

deixa a pena pra volta,

ou deixa a pena assentar.