SONETO DA LAVRA
Por esses dias tolos de sossego,
Por essas noites nuas de alegria,
Por essas pausas mornas da poesia,
Andam meus pés feridos de enredos.
De pouca voz rebrilham minhas mágoas,
Com muita luz se escondem as palavras.
O sangue cru recobre minha lavra,
O fruto impuro há de pedir mais água.
Deste raio riscado no céu roto
Descerá a energia deslumbrada
Para tirar da terra um novo broto.
Do solo a peçonha erradicada,
O risco torto, o ângulo canhoto,
Engano de minha alma tão borrada.