QUANDO O POETA AMA

Quando o poeta ama é tal a sua intensidade,

Que bem revela nos outros a sua integridade.

(Veste flor escarlate – no peito a põe – e a outra,

Que no bolsinho guarda, na lapela se apronta).

Quando o poeta ama, ama com tanta verdade

Que não há amor no mundo com tal afinidade.

(De camisa de folhos se reveste, com sobretudo

A condizer – relógio de bolso, parado e mudo).

Quando o poeta ama, ama sem ter condição,

E é tanto maior o seu amor quanto mais ele ama,

E bate forte o seu descompassado coração.

(Sapato e joanete, calça bem vincada e colete são

O resto da indumentária). Quando o poeta ama

A uma mulher, ama-a sobretudo com sofreguidão.

Jorge Humberto

25/06/07

Jorge Humberto
Enviado por Jorge Humberto em 27/06/2007
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