Ao pensar nela
Ao pensar que esses olhos não me veem,
que esses lábios jamais sorriram
para meu olhar, enlouqueço no desdém
de quem só tem o que permitiram.
Não roubou a atenção dos cabelos mexidos,
nem o ofegar do peito em seios eriçados,
nem sentiu molhar-se por si, proibidos,
desejos emudecidos e descontrolados.
Em pensar que me salvei do vulcão,
enlouquece-me a vida continuada,
enfadam-me os dias contados.
Sem ter o risco da perdição,
sem viver à noite enluarada
o amor há tanto desejado!