MADRUGADA NO SERTÃO
Entre a fumaça estimulada pelo assopro
Musicalizada pelo estalo da lenha a queimar
E um bule tisnado com água a fervilhar
Faz todos os dias o café nascer desse sufoco
Com passos silenciosos pra gurizada não acordar
Deitados em suas redes por todos os vãos
Desviando de poças de mijos pelo chão
Ao som do tinir de uma enxada a amolar
O café é tomado no silencio da madrugada
Com umas colheradas de farinha acompanhar
Olhando pra companheira já desgastada
De tantas lutas que tiveram que batalhar
Tendo como arma a coragem e a enxada
Mais um pai de família sai pra trabalhar