NÃO NOTAREI TUAS MÃOS CALEJADAS
O que esconde por entre os teus dedos,
Discretos, mais que as unhas mal-pintadas,
Ocultos dentre tuas mãos espalmadas,
Que não se apresenta aos teus segredos?
Não notarei tuas mãos calejadas,
Teu sofrimento, todos teus enredos,
Só ao ver-te passar! Se este é teu credo,
Dispensa a via esquerda dessa estrada!
De que vale esconder teu sofrimento?
Amputastes tua dor, o teu outrora,
Com o silêncio do arrebatamento.
Mas deixo-a seguir, pobre Senhora,
Já que às minhas perguntas, a contento,
Também calaste a voz, nem deste a hora.