"O AMOR DA NOITE CONSUMIDA"
(Pra Ludy: não resisti em aguardar a chegada do próximo alvorecer para relatar o sonho de ontem, pois tenho a esperança de outro, nesta madrugada... estou com saudades de você,,,)
Quando, pela manhã, contemplo-te abatida
Amortecido o olhar e a face descorada,
Imersa em languidez profunda, indefinida,
O lábio ressequido e a pálpebra azulada,
Relembro as impressões da noite consumida
Na lúbrica expansão, na febre alucinada,
Do gozo sensual, frenético, homicida,
Como a lâmina aguda e fria de uma espada.
E ao ver em derredor o grande desalinho
Das roupas pelo chão, dos móveis no caminho,
E o "boudoir", enfim, do caos um fiel plágio,
Suponho-me um herói da velha Antigüidade,
Um marinheiro audaz após a tempestade,
Tendo por pedestal os restos de um naufrágio!
(*) Do poema "Dia Seguinte", de Carvalho Junior.