"O AMOR DA NOITE CONSUMIDA"

(Pra Ludy: não resisti em aguardar a chegada do próximo alvorecer para relatar o sonho de ontem, pois tenho a esperança de outro, nesta madrugada... estou com saudades de você,,,)

Quando, pela manhã, contemplo-te abatida

Amortecido o olhar e a face descorada,

Imersa em languidez profunda, indefinida,

O lábio ressequido e a pálpebra azulada,

Relembro as impressões da noite consumida

Na lúbrica expansão, na febre alucinada,

Do gozo sensual, frenético, homicida,

Como a lâmina aguda e fria de uma espada.

E ao ver em derredor o grande desalinho

Das roupas pelo chão, dos móveis no caminho,

E o "boudoir", enfim, do caos um fiel plágio,

Suponho-me um herói da velha Antigüidade,

Um marinheiro audaz após a tempestade,

Tendo por pedestal os restos de um naufrágio!

(*) Do poema "Dia Seguinte", de Carvalho Junior.

Lobo da Madrugada
Enviado por Lobo da Madrugada em 14/06/2007
Reeditado em 14/06/2007
Código do texto: T526120
Copyright © 2007. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.