VIDA
Flagela bem no cimo deste corpo, e o cobre,
Ó vida sem sentido! O que me tens tirado?
Da labuta maior, o que tens almejado?
O que tu tens escrito na sina de um pobre?
O que tens esquecido, e o que tens lembrado?
Esperas deste chão que algum grão te sobre?
Esperas que esta fé esqueça teus pecados,
Qual este corpo opaco que ao teu mal encobre?
O que tens esperado a mais do que mereças?
O que tens merecido a mais do que esperas?
O que tu tens domado, longe de tuas feras?
Desiste de sonhar que teu penar te esqueça.
Mesmo mais tendo amado que sentido iras,
Devora a tua verdade a fome de mentiras.