POETA DAS HORAS TRISTES

Estou para a poesia como para o ar que respiro,

Tudo em mim é uma envolvente e é dela que retiro

Todo o prazer que me é dado a ver, nesta singela

Vida, onde nem sempre o que parece é, mas nela

Me concentro e tiro os dividendos mais aprazíveis,

Como a chuva que vai lá fora, de gotas indivisíveis

Ou o vento que sopra na árvore e arrebata o olor,

Que chega até mim como um intenso e subtil frescor.

Sou poeta das horas tristes, de quando a noite cai,

E traz consigo as sombras derradeiras e distantes,

De um véu que amadureceu ao sol que se esvai.

Poeta do quase tudo quase nada, com o horizonte

Posto nos olhos, onde as palavras são agravantes

Do seu ser consciente, como água da mesma fonte.

Jorge Humberto

31/05/07

Jorge Humberto
Enviado por Jorge Humberto em 31/05/2007
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