INGRATIDÃO
És tu, destas serpentes venenosas,
A que rasteja sempre em vão caminho,
Que reproduz-se num penoso ninho,
Que passa por dentro das secas rosas.
És tu - Não passas disso! - uma gulosa
Que farta-se do vil pódio mesquinho,
E, se passares por dentre os espinhos,
Serás só mais uma fera raivosa.
És tu a mais imunda recompensa,
Pois não cessa de lançar tuas ofensas,
E procuras um céu pra ser teu chão.
És tu quem não desejo ter provado,
Se por ventura alguém tiver-te ao lado,
Que te dispense! Ó, vil ingratidão.