INGRATIDÃO

És tu, destas serpentes venenosas,

A que rasteja sempre em vão caminho,

Que reproduz-se num penoso ninho,

Que passa por dentro das secas rosas.

És tu - Não passas disso! - uma gulosa

Que farta-se do vil pódio mesquinho,

E, se passares por dentre os espinhos,

Serás só mais uma fera raivosa.

És tu a mais imunda recompensa,

Pois não cessa de lançar tuas ofensas,

E procuras um céu pra ser teu chão.

És tu quem não desejo ter provado,

Se por ventura alguém tiver-te ao lado,

Que te dispense! Ó, vil ingratidão.

Jackson Viana
Enviado por Jackson Viana em 29/12/2014
Código do texto: T5084061
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