CACHOEIRA BRANCA
Do seu olhar escorrem águas brancas,
Que pelo meu perdão afinco teimam,
Porém, ao despencar no vão das ancas,
Renascem brasas que no chão me queimam.
E a cachoeira branca veda o jogo
E segue o seu percurso em reta linha,
E apaga com sua força o bravo fogo,
E n'água passa a ter o que não tinha.
Ao esfregar sobre a tua tez molhada
Um lenço de papel fino amassado,
Eu cesso essa biqueira de desejo,
E vejo renascer, sobre a sacada,
O sol que seca o ardor do meu pecado
Ao despertar-te enfim com um longo beijo.