CACHOEIRA BRANCA

Do seu olhar escorrem águas brancas,

Que pelo meu perdão afinco teimam,

Porém, ao despencar no vão das ancas,

Renascem brasas que no chão me queimam.

E a cachoeira branca veda o jogo

E segue o seu percurso em reta linha,

E apaga com sua força o bravo fogo,

E n'água passa a ter o que não tinha.

Ao esfregar sobre a tua tez molhada

Um lenço de papel fino amassado,

Eu cesso essa biqueira de desejo,

E vejo renascer, sobre a sacada,

O sol que seca o ardor do meu pecado

Ao despertar-te enfim com um longo beijo.

Jackson Viana
Enviado por Jackson Viana em 27/12/2014
Código do texto: T5082601
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