Perdido

Perco tantas vezes o chão

que, não raro, me pego a voar.

Se essas asas um dia encontrar,

possível escondê-las no coração.

Por tantas dores suportar,

se não a do corpo sobre o chão,

a força das asas a me puxar.

Tenho sofrimento e perdição.

Numa e noutra em que me peso,

Cima e baixo, em desespero,

a voar por esgotos, eu me perco.

Nem uma e nem outra, prezo.

Se preso a me perguntar, estou

sempre a decidir por onde voo.