MEDO
A minha alma já me arde... É impossível
essa dor transmutar-se em cachoeira?
O que tens, ó minha alma? Só poeira,
desatino sem paz, nada sensível?
Meu andar pela vida é invisível
como espinho abrasado na roseira!
Seco a luz que resplende na lareira...
Quem se jaz ao meu lado é tão sofrível!
Estou preso em mim mesmo... Este covil
que se abriga em meu peito é tão hostil...
Esse gelo, tão frio, é meu receio!
Sou humano! Eu resisto e mato a fera!
Tomo as rosas na cor da primavera...
Sou a flor que leal vence o anseio!