A UM POETA

Quem é esse que, em versos, minh´alma desperta

e que a faz se perder em mil tramas de amor?

Como pode entender a carência encoberta

e meu sonho mais caro em soneto compor?

Quem me vê tão desnuda e nas rimas me oferta

os anseios perdidos nas brumas da dor?

Quem me sabe encontrar de maneira tão certa...

Quando eu não mais ousava venturas supor?

Quem me faz suspirar, quem meu peito acelera...

Onde está esse alguém, que me exila na espera...

No desejo, saudade... Onde achá-lo, afinal?

Ah!, Poeta... Eu quisera de ti ser a musa,

em teus braços viver para sempre reclusa,

embalada ao cantar de gentil madrigal!

(in Sonetos em Dor Maior)