RECLUSÃO

Hoje eu selo, pra sempre, o baú de lembranças,

de cantares, de sonhos... Da eterna saudade.

Hoje eu guardo meus versos de vãs esperanças

e me calo, e me ausento da minha vontade.

Me esvazio do tempo vivido em andanças

por caminhos despidos de amorosidade;

me desnudo de mim... Mas as vãs esperanças...

Só me fazem trilhar sendas da insanidade.

Guardo todos teus rastros, te apago da história...

Mas não sei arrancar-te da minha memória...

Eu padeço, enlouqueço... És meu chão, és meu centro...

Hoje selo... Pra sempre? Eu me engano, eu me iludo...

O meu peito é o baú... E és meu eu, és meu tudo...

Hoje eu tranco meu verso... E me encerro lá dentro!

(in Sonetos em Dor Maior)

Patricia Neme
Enviado por Patricia Neme em 01/10/2014
Reeditado em 30/06/2016
Código do texto: T4983502
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