RECLUSÃO
Hoje eu selo, pra sempre, o baú de lembranças,
de cantares, de sonhos... Da eterna saudade.
Hoje eu guardo meus versos de vãs esperanças
e me calo, e me ausento da minha vontade.
Me esvazio do tempo vivido em andanças
por caminhos despidos de amorosidade;
me desnudo de mim... Mas as vãs esperanças...
Só me fazem trilhar sendas da insanidade.
Guardo todos teus rastros, te apago da história...
Mas não sei arrancar-te da minha memória...
Eu padeço, enlouqueço... És meu chão, és meu centro...
Hoje selo... Pra sempre? Eu me engano, eu me iludo...
O meu peito é o baú... E és meu eu, és meu tudo...
Hoje eu tranco meu verso... E me encerro lá dentro!
(in Sonetos em Dor Maior)