Soneto Torto
Urge no peito escrever poesia
Uma força disforme e sem rumo
Um quê de angústia e perigo
Como a espreitar o abismo, sem prumo.
Mas se a inspiração é parca
E escrever a esmo não convém,
A inteligência, também pouca, avisa:
No peito angústia, não faz bem!
Há poemas a serem esquecidos
Coisas cuja lembrança fere
Algo que um dia foi amor
Mas que só desamor sugere.
Se o poeta é fingidor
E finge completamente,
Não combinaram com o rancor.
Ignoram que a dor é incessante e inclemente...