MESMICE

O sol já pronuncia a noite e seus defeitos…

O barco, de peito dado ao rio, caminha…

E eu reitero aqui mesmo todos os conceitos

De um mar ao largo que se avizinha.

Dança frenética de aves daqui e de acolá,

Num frenesim de bicos e de açucenas…

E eu sou tudo aquilo que não há,

Fora eu o outro caminhando suas penas.

As sombras fazem negrume no mato…

Há gemidos agoirentos por todo o lado,

Servidos a frio no raso de um prato.

Meus olhos tentam acostumar-se à mesmice,

Num grito de guitarras de um triste fado…

Quem foi que aqui se contradisse?

Jorge Humberto

10/05/07

Jorge Humberto
Enviado por Jorge Humberto em 14/05/2007
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