Contágio
Se me tragas em teu último sopro,
não sei se me esvaio ou me perco.
Se soltas, tens teu fôlego preso
na vã tentativa de me expulsar.
Se me sugas, tenho-me entranhado
como assim, pudesses me esgotar.
Tomo teu sopro, teu fôlego, teu ar
e teu corpo, por mim invadido.
Se me entrego assim em teu corpo
e por dentro, passo a ser teu outro;
Sou-te a doença inflamada
a crônica por fim, instalada.
Porque te enganas assim, o gesto
com o que te põe insana no gosto
é o iludir, iludir-se por esvair.
Mas aquilo do que te preencheste
é muito mais que apenas posto.
Passa a presa a possuir-te.