Manhã

Vai-se o frio cortante em que passava

Na noite triste e infinda insistindo

Em falar-te um instante se pensava:

És eterna, e acordo 'inda dormindo...

Era um sonho, e outrora te lembrava

Me chamando, longe, um vulto, e partindo,

Em silêncio foi-se enquanto eu chorava:

Acordei-me no escuro tão infindo...

Ouvi os pássaros se mexendo, indo e vindo,

Clareava o dia e enquanto olhava

Tentando ver se o sonho não voltava

Mas se fora junto à noite, se esvaindo

E na lembrança outra vez me contentava:

Outro dia a manhã em mim sorrindo...