TOCAR TEU CORPO COMO HARPA NUM ARPEJO

Os versos que te faço nesta noite que não finda

São de afeto, que muito quieto, aqui te espreitando

Chego à porta, e sem bater vou adentrando

Pois já vieste aos meus braços, abertos desde Olinda.

A ti quero causar encantamento, não só neste momento.

As trevas há muito escureceram, que nem vi, o dia

Que atrevo a viver sem ti, por teimosia, em minha poesia

Mas se chegas de mansinho, e ao vento dás, um só beijo

Que nos lábios meus toca como a luz que de teu corpo emana

Não te posso nem tocar, nem solfejar; e teu corpo nesta cinesia

Uma flauta, oboé ou clarinete, és também uma harpa num arpejo.

Encontrar a sintonia que carece, pra sentir e ouvir a melodia

Que dos anjos se escuta e as janelas deste barco que só bebem maresia

Aqui moras inteira, neste mar, aquela lua, e em minha companhia.

Nota

Inicialmente intitulado "Soneto da insônia", resolvi em 21/03/19 trocar o título para o atual.

Alberto Valença Lima
Enviado por Alberto Valença Lima em 11/05/2014
Reeditado em 21/03/2019
Código do texto: T4802187
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