A parede da memória
Queria os sonhos na parede do meu quarto;
Queria a vida a serviço de minha insônia;
Que fosse doce viver assim à parte da vida
e ainda, ser integralmente parte inserida.
Mas o tempo, esse ladrão, primo e irmão,
rouba-me a vida, e engana-me com guizos.
Mas esse tempo, guardião das horas idas,
põe-me na conta de seus tesouros perdidos.
Trouxe-me pérolas nem esquecidas,
nem perdidas, esse tempo primo...
Trouxe-me tesouros nem queridos,
nem desejados, esse tempo irmão.
Enriqueceu-me de realidades;
Tirou-me muitos sonhos.
Sem perguntar-me por valores.
Hoje, alegro-me com o muro da felicidade,
encrustado de muitas verdades vividas,
e a memória cheia de quase-amores.