Dias de lobo

Tenho dias de lobo vadio,

sou como um cão sem dono,

entro a todo momento no cio.

Quero me perder nesse abandono.

Em um abandonar de pernas ao ar;

De braços entre abraços,

encaixados entre peitos a suspirar...

De muito suor, muito bagaço.

Tem dias que a fome, a sede,

as garras e os pelos,

tomam-me por cão preso na rede.

Fazem tudo em desmantelo.

Então finjo não sê-lo;

Tomo os dias de não tê-la

e a tenho entre meios.

Porque nesses dias de não

o que me falta, não é desejo,

mas teu uivar, minha perdição!