Um morrer-se

O sol abre caminho sobre as nuvens

e entre minha cabeça, um clarão ideal

como um estalar em terras virgens.

Nesses dias tenho minha morte inicial.

As flores enchem minha sala de cor

ao convite da janela direita aberta;

Espero o acordar lento de minha dor.

Aí, tenho minha segunda morte certa.

A rua convida em cocoricó exagerado,

entre seus freios, sirenes e buzinas,

a me lançar em seu corpo inerte estirado.

Minha terceira morte chega e me alucina.

Estou no ponto em que não há o que importe.

Se os gritos; se o silêncio; se os sins ou nãos;

Registrar e sair em ponto toda minha ilusão.

Sinceramente, nesses dias, dessas mortes,

não me importaria, depois de tanta sorte,

se esta última durasse uma eternidade.