Fulgente
Quem dera eu pudesse ser a lua
que vaga pelos céus em devaneio
revelando dos amantes o enleio,
iluminando os seresteiros pela rua.
Quem dera ser o lume que flutua
em místico e notívago passeio,
luzindo sobre o mundo sem receio,
poder assim alumiar a face tua.
E o rastro de luz em meu ondeio,
imanente de antiquíssima charrua,
transluzindo em tua alma airosa e nua.
Quiçá um dia essa venusta luz dilua
a timidez que m’entorpece e m’encrua
e eu possa esplender-me em teu seio.
Mar 2014