Soneto de Compressão
Que saudade do meu pai comprime em parto!
A sacada onde o sol batia forte
Donde ouvia sua voz chamar-me ao quarto
Eis que agora só me faz lembrar da morte.
Não me esqueço de suas mãos (no leito eu via)
Calejadas, firmes, rudes apertando
Não me esqueço doutras mãos em letargia
Só cruzadas sobre o peito descansando.
E a linha que afastava a pipa ao céu
Que eu olhava balançada pelo vento
Se tornou espessa corda afastando
O caixão à terra fria e sem alento
As lembranças do meu velho foi deixando
O cobrindo grande choro como um véu.