TEMPESTADE
Galhos desnudos buscam o infinito,
qual se pedissem, do sol, a benesse;
folhas dispersas dançam louco rito,
o vendaval se espalha…Eis que anoitece.
(e no meu peito, coração contrito,
tristeza tanta, quase me ensandece!).
Nuvens se chocam, em feroz conflito,
trovões urrando um canto que ensurdece…
Raios nervosos, traçam estranho escrito
no plúmbeo céu…O dia, então fenece.
E a chuva chega, aos prantos, desvairada,
derruba sonhos, faz da vida um nada…
E uma saudade, que em meu corpo cresce,
faz-se tormenta…quando a noite desce!
(in Sonetos em Dor Maior)