OCASO
Eis que é ocaso do sol que me anima,
meu passo trilha o rumo do insondável.
Receio? Não! A paz me eleva acima
da humanidade do meu ser findável.
Contemplo os bens que me foram de estima,
e alguns retratos de um viver afável...
Os filhos? Neles tenho a obra prima
de um ventre de alma firme, inquebrantável.
Mas anoitece... Eu sei... Findou a estrada...
Enfim! Pois tenho a mente tão cansada...
E o coração perdido em vão amor.
A vida é senda de inclemente espinho...
Se mais além, será doce o meu vinho
e a taça não transborde de amargor?
(in Sonetos em Dor Maior)