OCASO

Eis que é ocaso do sol que me anima,

meu passo trilha o rumo do insondável.

Receio? Não! A paz me eleva acima

da humanidade do meu ser findável.

Contemplo os bens que me foram de estima,

e alguns retratos de um viver afável...

Os filhos? Neles tenho a obra prima

de um ventre de alma firme, inquebrantável.

Mas anoitece... Eu sei... Findou a estrada...

Enfim! Pois tenho a mente tão cansada...

E o coração perdido em vão amor.

A vida é senda de inclemente espinho...

Se mais além, será doce o meu vinho

e a taça não transborde de amargor?

(in Sonetos em Dor Maior)

Patricia Neme
Enviado por Patricia Neme em 16/10/2013
Reeditado em 13/10/2014
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