SILÊNCIO
No canto do silêncio há dores tantas,
gemidos, desespero, desamor...
E o pranto que vagueia nas gargantas
dos que, sequer de um pão, sentem sabor.
De quem não conheceu mãos meigas, santas,
no gestual que à alma traz calor;
e deu-se às vãs mentiras... Muitas... Quantas...
Que mostram ser loucura amar o amor.
No canto do silêncio... Quem o escuta?
Quem ouve o sussurrar da humana luta?
Quem ouve o genocídio, o medo, a guerra?
Quem ouve a sombra triste que há no rio
e escuta os animais, com fome e frio?
Canta o silêncio... E implora: paz na terra!
(in Sonetos em Dor Maior)