SE...

... fosse aquele beijo, tão somente,

o gesto repentino dum instante,

que, por ser passageiro, não pressente

em si, a eternidade, palpitante...

... fosse aquele beijo, meramente,

a troca do vazio em nós reinante,

no arroubo dum querer inconsistente,

por nada ser – por ser só mais um instante...

Se fosse... Mas não foi – e eu pago caro,

ao contemplar-me em fero desamparo,

perdida num sonhar, que feneceu.

Que fosse assim... Ah! Como eu o quisera,

não mais viver pendente, sempre à espera,

de ter, por outra vez, um beijo teu!

(in Sonetos em Dor Maior)

Patricia Neme
Enviado por Patricia Neme em 11/10/2013
Reeditado em 13/10/2014
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