SE...
... fosse aquele beijo, tão somente,
o gesto repentino dum instante,
que, por ser passageiro, não pressente
em si, a eternidade, palpitante...
... fosse aquele beijo, meramente,
a troca do vazio em nós reinante,
no arroubo dum querer inconsistente,
por nada ser – por ser só mais um instante...
Se fosse... Mas não foi – e eu pago caro,
ao contemplar-me em fero desamparo,
perdida num sonhar, que feneceu.
Que fosse assim... Ah! Como eu o quisera,
não mais viver pendente, sempre à espera,
de ter, por outra vez, um beijo teu!
(in Sonetos em Dor Maior)