PASSIONE
Quando teu corpo acobertar o meu,
qual a neblina acarinha a manhã,
e enlouquecer-me no desejo teu,
e eu não saber –me santa ou cortesã...
Quando em meu corpo houver teu apogeu,
e o tempo for passado, hoje, amanhã...
E eu for quem és, e fores quem sou eu,
e a eternidade nos for a guardiã...
No teu caudal de amor eu serei plena;
no meu calor, terás alma serena,
indissolúvel nossa comunhão.
Seremos terra emprenhada de vida,
trigal maduro, vinha florescida,
êxtase santo, de insana paixão.
(in Sonetos em Dor Maior)