VIRÁS?
Ano após ano, os dias perdem-se na estrada,
na qual o tempo enterra dores e ilusão.
A cada passo, menos resta da jornada...
O quanto mais? Nem mesmo os anjos nos dirão.
A primavera do sonhar... Já é passada...
Bem longe vai o sol fremente do verão.
O outono, aos poucos, finda sua caminhada...
Eis que é inverno... Ele, e a nefanda solidão!
Sinto que rondas meu viver, em pensamento,
mas não te achegas... E reténs teu sentimento...
Eu te contemplo... Nada mais posso fazer.
Eu te contemplo, te desejo... Vivo à espera...
Já o tenho feito em cada vida, era após era...
Se tu virás... Antes do meu adormecer?
(in Sonetos em Dor Maior)