O QUE É O AMOR?
Talvez brisa sutil, cujo toque acalanta
o botão a florir, em promessa de vida...
Ou será minuano, que, hostil, aquebranta
a palmeira e retorce... Sem dó, sem medida?
Arrebenta, revira, destroça, desplanta...
Há de ser vendaval, em loucura homicida?
Ou, bem mais, tempestade, que o peito agiganta
e desperta o queimor da paixão reprimida?
Ah, o amor! Explicá-lo é tarefa impossível...
As lembranças sussurram baixinho: é factível...
Tomo lápis, papel, e me entrego ao labor.
Um silêncio... Saudade... Uma lua tão cheia...
E o poeta que, errante, em minh´alma vagueia,
um soneto plangente começa a compor!
(in Sonetos em Dor Maior)