TANTO...
Não foste... E ainda és... O sempre e o nada...
Um sonho? Uma ilusão? Ou mero engano?
Fui teu brinquedo... Um verso... Fui tua amada?
Talvez teu mais sagrado... E o mais profano?
Que força entrelaçou nossa jornada,
a mão dos céus... Ou um destino insano,
que me privou do amor da tua mirada,
que te ausentou do meu desejo arcano?
Lampejos de um outrora envolto em brumas,
quando foste meu mar e fui tua espuma...
Quando fui teu respiro... E tu, meu canto.
Contemplo-te, a perder-se, flor em flor...
No rosto, solidão, vazio dor...
Sem ver que eu te amo tanto, tanto... Tanto!
(in Sonetos em Dor Maior)