Vento Ingrato
Soprando o vento leste assanha-lhes os cabelos,
Num desalinhamento terno e delicado,
Levantando-lhe a saia num giro apressado,
A provocar sutis e breves desmantelos.
Não posso desviar o olhar, sem querer vê-los,
Mesmo comprometendo um olho no pecado,
Frente a uma longa saia de brocado,
Desnudando alvas pernas, finos tornozelos.
Porém, entre alegrias cantam as tristezas,
E nossas esperanças e nossas certezas
Somem em labaredas que a tudo consomem.
Vento soprando o pó sobre glebas estéreis,
Ao tempo em que levanta a saia das mulheres,
Também atira terra nos olhos do homem.
Aracaju-SE., 25/ 09/ 2013.