ESPERA
Não fosse o verde, vivo na lembrança,
não fosse o rio, a murmurar ternura...
E em mim não fosse essa alma de criança,
que tece versos da própria amargura...
Não fosse a forma da eterna esperança,
que uma semente em flores transfigura...
E eu não tivesse a fé que não se cansa
de acreditar que teu amor perdura...
Não fosse o tudo... Ou mesmo fosse o nada...
O verde, o rio... A vida em caminhada
nas entrelinhas do meu divagar...
Quem eu seria, chuva, lua, vento...
Jardim ferido, terra sem alento...
Quem eu seria, sempre a te esperar?
(in Sonetos em Dor Maior)