ESPERA

Não fosse o verde, vivo na lembrança,

não fosse o rio, a murmurar ternura...

E em mim não fosse essa alma de criança,

que tece versos da própria amargura...

Não fosse a forma da eterna esperança,

que uma semente em flores transfigura...

E eu não tivesse a fé que não se cansa

de acreditar que teu amor perdura...

Não fosse o tudo... Ou mesmo fosse o nada...

O verde, o rio... A vida em caminhada

nas entrelinhas do meu divagar...

Quem eu seria, chuva, lua, vento...

Jardim ferido, terra sem alento...

Quem eu seria, sempre a te esperar?

(in Sonetos em Dor Maior)

Patricia Neme
Enviado por Patricia Neme em 26/09/2013
Reeditado em 13/10/2014
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