SONETO

A forma exata, verso denso, amortalhado,

regras severas dão limite à liberdade.

Rimas precisas, de um sonhar metrificado,

conciso canto, em compassada austeridade.

Exatidão... Um improviso é renegado...

Tudo a ser dito, com rigor e brevidade.

O pensamento é andarilho acorrentado

pelos grilhões da perfeição... Ingenuidade

de quem pretende, no soneto, a forma rara,

de lapidadas emoções... Rosto sem cara...

Sem os arroubos da intempérie das paixões.

Quando eu soneto, grito a dor que me ataranta,

falo do amor, que engasga a voz, fecha a garganta,

eu me desnudo, sem preceitos, sem senões.

(in Sonetos em Dor Maior)

Patricia Neme
Enviado por Patricia Neme em 23/09/2013
Reeditado em 13/10/2014
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