PORQUE EU VIVI!
Quando foi tanto amor, tanta querência,
perdi-me nos caminhos de quem sou,
pois só me deste o chão da tua ausência...
Num sonho que partiu... E não voltou!
Quando foi tanto amor, sem reticência...
Quando minh’alma em ti se derramou...
E tu brincaste, sem pejo ou clemência,
com esse amor, que tão somente amou...
Enlouqueci, pensei ser vã a vida,
roguei aos céus na morte ter guarida...
Rasguei o verso, a rima... Feneci.
Mas recebi do Infindo a grande graça,
e agora, na saudade que me enlaça,
percebo que sofri... Porque vivi!
(in Sonetos em Dor Maior)