PORQUE EU VIVI!

Quando foi tanto amor, tanta querência,

perdi-me nos caminhos de quem sou,

pois só me deste o chão da tua ausência...

Num sonho que partiu... E não voltou!

Quando foi tanto amor, sem reticência...

Quando minh’alma em ti se derramou...

E tu brincaste, sem pejo ou clemência,

com esse amor, que tão somente amou...

Enlouqueci, pensei ser vã a vida,

roguei aos céus na morte ter guarida...

Rasguei o verso, a rima... Feneci.

Mas recebi do Infindo a grande graça,

e agora, na saudade que me enlaça,

percebo que sofri... Porque vivi!

(in Sonetos em Dor Maior)

Patricia Neme
Enviado por Patricia Neme em 22/09/2013
Reeditado em 13/10/2014
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