FOME SEM NOME

Minhas mãos estão sujas, da inanição

Que assola os jovens e as crianças,

E passa por mim gente sem distinção,

Mortas há muito as suas esperanças.

Quem dera, levar-lhes o meu coração,

Certa a palavra para as suas andanças,

Mas o seu fado já perdeu a emoção,

Ficou nas ruas pejadas de alianças.

Porque não posso eu levar-lhes um toco

De pão, e vê-las sorrir enfim,

Se o grito é pouco mais que rouco?

Não seria preciso muito nem ser louco,

Para que cada um doasse um pouco de si,

Mesmo que isso soasse a pouco.

Jorge Humberto

10/04/07

Jorge Humberto
Enviado por Jorge Humberto em 11/04/2007
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