Estava Leda, mansa, um triste dia
Estava Leda, mansa, um triste dia
banhando suas pernas numa fonte;
o olhar ia sumindo no horizonte
quando avista ave bela — um cisne via!
A jovem Leda o cisne seduzia,
e aos poucos Leda foi curvando a fronte.
A serpe, que matou a Laocoonte,
consumou num prazer que não soía.
Estranho o ato da ave manifesto,
mas era, o cisne, Júpiter fingido,
num outro ato seu mui desonesto.
Das ninfas sedutor já conhecido,
agora tinha Leda num só gesto
e, com ela, filho Pólux compartido.
(Soneto 6, Sonetos)