Estava Leda, mansa, um triste dia

Estava Leda, mansa, um triste dia

banhando suas pernas numa fonte;

o olhar ia sumindo no horizonte

quando avista ave bela — um cisne via!

A jovem Leda o cisne seduzia,

e aos poucos Leda foi curvando a fronte.

A serpe, que matou a Laocoonte,

consumou num prazer que não soía.

Estranho o ato da ave manifesto,

mas era, o cisne, Júpiter fingido,

num outro ato seu mui desonesto.

Das ninfas sedutor já conhecido,

agora tinha Leda num só gesto

e, com ela, filho Pólux compartido.

(Soneto 6, Sonetos)

Alexandre Ziani de Borba
Enviado por Alexandre Ziani de Borba em 15/07/2013
Reeditado em 03/05/2023
Código do texto: T4387523
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