Lachrimae
E vou tomar-te a mão enregelada,
beijar-te a face encanecida e fria,
cuidar-te o véu da inação sombria
no trevoso leito teu, ó minh’amada!
Cruel mudez selou tua voz velada!
Inda hei de ouvi-la pelos umbrais,
nas pedras frias das vazias catedrais,
no silêncio dum’ermida abandonada...
Teus lassos risos eternamente ecoarão
nos desertos do meu esvaído coração,
tão devastado após a tua partida!
Busco consolo nos anjos que choram
pelos jazigos soturnos onde afloram
as lágrimas que choraste pela vida...
Aleki Zalex
Nov/2012