CADELA, TÃO... BELA (*)
Essa mulher que se arremessa, fria
E lúbrica aos meus braços, e nos seios
Me arrebata e me beija e balbucia
Versos, votos de amor e nomes feios
Essa mulher, flor de melancolia
Que se ri dos meus pálidos receios
A única entre todas a quem dei
Os carinhos que nunca a outra eu daria
Essa mulher que a cada amor proclama
A miséria e a grandeza de quem ama
E guarda a marca dos meus dentes nela
Essa mulher é um mundo – uma cadela
Talvez...- mas na moldura de uma cama
Nunca mulher nenhuma foi tão bela!
(*) Vinicius de Moraes, "Soneto da Devoção".