NA GUERRA DO FAZ-DE-CONTA
Eis o meu sangue, hei-lo em minhas mãos,
Jaz, junto ao corpo, moribundo da criança,
Que não teve na vida qualquer esperança,
Chamada à morte pelos seus irmãos.
Foi um bala perdida, que a feriu de morte,
Lutando pelos senhores da guerra…
E agora, jaz morta, por sobre a terra,
Nesta violência maldita que não tem norte.
Quem cuidará dela agora, corpo rijo e frio?
Não cuidamos de cuidar dos nossos…
E a terra prepara-se para um novo estio…
Sem se aperceber da criança junto ao sino
Da igreja, onde permanecem os ossos
Doutras crianças, mortas pelo assassino.
Jorge Humberto
20/03/07