SONETO DA DOR QUE MATA
Se a dor que mais dói, dor mais forte,
A única digna das paixões da alma,
É a que se oculta e ali se acalma,
E nega a todos as feições do porte;
Bendigo já o meu extravagante norte,
O pranto que choro, a ferida palma
Minha que, sem silêncio e calma,
Roga-te sentida por melhor sorte.
Que eu, parecer-te agora refeito,
Alheio à dor que me sangra o peito
E, ao ver-me quase morto, grita - “Vive!”
É não só dar-te prazer redobrado,
É dar-me antes, eterno ao meu lado,
Um sono tranqüilo, qual nunca tive!
Se a dor que mais dói, dor mais forte,
A única digna das paixões da alma,
É a que se oculta e ali se acalma,
E nega a todos as feições do porte;
Bendigo já o meu extravagante norte,
O pranto que choro, a ferida palma
Minha que, sem silêncio e calma,
Roga-te sentida por melhor sorte.
Que eu, parecer-te agora refeito,
Alheio à dor que me sangra o peito
E, ao ver-me quase morto, grita - “Vive!”
É não só dar-te prazer redobrado,
É dar-me antes, eterno ao meu lado,
Um sono tranqüilo, qual nunca tive!