SONETO DA DOR QUE MATA


Se a dor que mais dói, dor mais forte,
A única digna das paixões da alma,
É a que se oculta e ali se acalma,
E nega a todos as feições do porte;

Bendigo já o meu extravagante norte,
O pranto que choro, a ferida palma
Minha que, sem silêncio e calma,
Roga-te sentida por melhor sorte.

Que eu, parecer-te agora refeito,
Alheio à dor que me sangra o peito
E, ao ver-me quase morto, grita - “Vive!”

É não só dar-te prazer redobrado,
É dar-me antes, eterno ao meu lado,
Um sono tranqüilo, qual nunca tive!
Aécio Cavalcante
Enviado por Aécio Cavalcante em 15/03/2007
Reeditado em 15/03/2007
Código do texto: T414250