CLAMOR
Faz frio lá fora – gatos que passam;
E ouve-se, ao longe, da coruja, o pio.
E as árvores, então inertes, laçam
A noite, com seus ramos, sobre o rio.
Um homem envolve-se na sua capa,
Dirigindo-se ao caminho inexorável;
Latem os cães sobre a escarpa,
Que nos mostra um mar imensurável.
Vai matar as saudades de um amor,
E vendo as ondas galgando pedras,
Não deixa de soltar um leve clamor:
Para onde foste – ó musa amada –,
Que partiste de mim sem reservas,
Deixando-me pouco mais que nada?
Jorge Humberto
03/03/07