SONETO DA FALSA EXPRESSÃO
Se abro da pena e traço-te estes versos
No louco afã de decantar meu amor,
É que, afogado entre pranto e dor,
Quero afastar-me d’alma os ais imersos.
Mas na ânsia de dizer-te o quanto for,
Peco nos ditos, que os vês inversos
E frágeis, e de tão maus e reversos
Põem falso o poema que te vou compor.
Nem sei o que te diga, e sinto, e penso
Que por mais que eu t’o pinte infinito,
Minto; o meu amor é bem mais intenso.
Para o ter, não basta um frasear bonito,
Que há, nas palavras, o final tão denso,
E há, no amor, sempre algo pra ser dito!
Se abro da pena e traço-te estes versos
No louco afã de decantar meu amor,
É que, afogado entre pranto e dor,
Quero afastar-me d’alma os ais imersos.
Mas na ânsia de dizer-te o quanto for,
Peco nos ditos, que os vês inversos
E frágeis, e de tão maus e reversos
Põem falso o poema que te vou compor.
Nem sei o que te diga, e sinto, e penso
Que por mais que eu t’o pinte infinito,
Minto; o meu amor é bem mais intenso.
Para o ter, não basta um frasear bonito,
Que há, nas palavras, o final tão denso,
E há, no amor, sempre algo pra ser dito!