VENDA FALSA


Quão me custa o sorriso neste rosto,
Perdido em rugas na forma de cacho!
Fingir não ver a ruína e o desgosto,
No cume do viver, se a luz põe o facho!

Boiar nas vagas da mente, a contragosto!
Voar falso infindo, quando tão baixo!
Se grito, ninguém! Nunca mesmo me acho,
E tento no sorriso, da alma o oposto!

Ai! Venda falsa! Ai! Venda que não venda,
Da ventura que me provoca - a finta!
Do andor da florida ilusão - a fenda!

Oh! Cruel! A caridade me consinta
De esconder de mim a dor tremenda:
Da vida - o pincel, dos anos - a tinta!
Aécio Cavalcante
Enviado por Aécio Cavalcante em 26/02/2007
Reeditado em 26/02/2007
Código do texto: T393579