Intimidade - Antero de Quental e Intimidade cativante - Giovânia Correia
Intimidade
Antero de Quental
Quando, sorrindo, vais passando, e toda
Essa gente te mira cobiçosa,
És bela - e se te não comparo à rosa,
É que a rosa, bem vês, passou de moda...
Anda-me às vezes a cabeça à roda,
Atrás de ti também, flor caprichosa!
Nem pode haver, na multidão ruidosa,
Coisa mais linda, mais absurda e doida.
Mas é na intimidade e no segredo,
Quando tu coras e sorris a medo,
Que me apraz ver-te e que te adoro, flor!
E não te quero nunca tanto (ouve isto)
Como quando por ti, por mim, por Cristo,
Juras - mentindo - que me tens amor...
Intimidade cativante
Giovânia Correia
Ah!Antero tua musa se encantou.
Lisonjeada e feliz deve ter ficado.
Por um homem que tanto a amou.
Em seus versos isso ficou marcado.
Essa intimidade compartilhada.
Enche em teus leitores o olhar.
A inspiração por tua amada.
Conseguiu a cada um cativar.
E o vislumbre que a ti encanta.
A nossa alma também suplanta.
Transforma tudo em doce magia.
Mil parabéns ilustre,grandioso,poeta.
Por nos mostrar a direção mais certa.
De adentrarmos as veredas da poesia.
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Biografia:
Antero de Quental
18/04/1842, Ponta Delgada, Açores (Portugal)
11/09/1891, Ponta Delgada, Açores (Portugal)
Influenciado por Hegel, Antero de Quental dedicou-se também a divulgar ideais revolucionários
Apesar de não ter deixado uma obra extensa, Antero Tarquíneo de Quental é considerado um dos principais poetas portugueses modernos. Aluno brilhante na Universidade de Coimbra, em Portugal, formou-se em direito, em 1864. Dois anos depois tentaria se alistar no exército do nacionalista Giuseppe Garibaldi, o revolucionário que havia unificado a Itália em 1861.
Ilhéu, isto é, nascido numa ilha que era colônia portuguesa, viajou pela França, pelos Estados Unidos e pelo Canadá, fixando-se em Lisboa, onde trabalhou por algum tempo organizando o Partido Socialista. Amigo de Eça de Queirós e Oliveira Martins, pertenceu à chamada Geração de 70, grupo ligado à Questão Coimbrã e que pretendia renovar a mentalidade em Portugal.
A Questão Coimbrã foi uma polêmica literária travada, em 1865, entre o círculo de poetas ligados a António Feliciano de Castilho e o grupo de jovens coimbrãos (isto é, ligados à Universidade de Coimbra) que manifestaram publicamente o seu interesse pela reforma da vida em Portugal. que veio, mais tarde, a ser conhecido como Geração de 70, da qual Antero de Quental foi considerado mentor. Com os poemas "Odes Modernas" e o ensaio "Bom Senso e Bom Gosto", ambos desse e ano, o poeta e pensador liderou a ruptura cultural com os valores do passado - representados, na Questão, pelo poeta Castilho.
As suas obras vão da poesia à reflexão filosófica. Defendia a missão social da poesia como oposição ao lirismo ultra-romântico em voga na época. Sua poesia pode ser considerada uma procura filosófica pela verdade através da própria experiência. Os intelectuais do seu tempo o definiam como um homem de grande estatura moral e espiritual.
São também desse período do Grupo dos 70 as suas manifestações de entusiasmo pelos movimentos sociais europeus, e a leitura dos grandes teóricos do socialismo e dos filósofos contemporâneos, em especial Proudhon e Hegel, que influenciaram bastante o seu pensamento.
Produziu ainda "Raios de Extinta Luz", "Primaveras Românticas", "Sonetos", "Prosas" e "Cartas". Ainda em vida, teve seus sonetos traduzidos para o alemão.
Numa carta ao amigo Cândido de Figueiredo, datada de 3 de maio de 1881, dez anos antes da sua morte, se disse oriundo de uma família com antecedentes literários, de que destacava o Padre Bartolomeu de Quental "cujos sermões ainda hoje podem ser lidos com alguma utilidade" e o seu avô, André Ponte de Quental, "poeta nada vulgar" e amigo íntimo de Bocage.
Colaborou na criação de associações operárias, e ao mesmo tempo se dedicou a divulgar ideais revolucionários, escrevendo panfletos e artigos sobre assuntos sociais e literários para o "Jornal do Comércio" e o "Diário Popular", de Lisboa, e para "O Primeiro de Janeiro", do Porto. Fez parte das redações dos periódicos "A República" e "Pensamento Social".
Fundou, em 1872, a Associação Fraternidade Operária, representante em Portugal da 1ª Internacional Operária.
Sofria de uma doença mental, identificada por alguns como psicose maníaco-depressiva, hoje chamada de transtorno bipolar, pela moderna psiquiatria. Em função desse distúrbio, caracterizado por períodos de delírio alternados com profunda depressão, torna-se quase inválido, o que faz diminuir seu ativismo político em prol de um nacionalismo ibérico e do socialismo.
Seu último ensaio filosófico, "A Filosofia da Natureza dos Naturalistas", foi publicado em 1884, na Revista de Portugal, editada por Eça de Queirós.
Em 5 de junho de 1891, adoentado, provavelmente deprimido, regressou para Ponta Delgada, sua cidade natal no arquipélago dos Açores - e não chegou a se recuperar, cometendo suicídio três meses depois.
Fonte:http://educacao.uol.com.br/biografias/antero-de-quental.jhtm